– Mas não é responsabilidade do conselho acompanhar as publicações do CEO e dos diretores executivos. Como podemos controlar isso? Seria uma loucura…
E eu respondi essas provocações de alguns amigos, como de costume, com mais perguntas:
– Tem certeza? Você acha que uma postagem do CEO tem o poder de reduzir ou aumentar o valor das ações?
– Uma publicação de um executivo pode arranhar a imagem reputacional da empresa como marca empregadora?
– E qual o impacto da palavra de um executivo C-level junto aos seus fornecedores? E aos bancos?
– Quantos casos de postagens de presidentes de empresas trouxemos recentemente aqui no grupo?
Mas concordo que não deve haver controle, mas sim acompanhamento e orientação.
Para isso a avaliação do risco de publicações de executivos em redes sociais deve ser abordada de forma inteligente e estruturada pelo conselho e gostaria de deixar algumas sugestões para reflexão:
a) O conselho pode estabelecer diretrizes claras sobre a conduta esperada por parte dos seus executivos, que na minha visão devem ir além do código de ética. Essas diretrizes devem incluir a conduta online, com o que é aceitável em termos de postagens, uma vez que ao assumir um cargo de liderança, passam a representar a organização publicamente;
b) O conselho pode monitorar regularmente as contas de redes sociais dos executivos, fazendo uma avaliação periódica. Esse processo pode ser contratado com bastante facilidade e baixo custo. Essa avaliação deve ser tanto qualitativa sobre o conteúdo e contexto, como quantitativa em termos de alcance;
c) É fundamental que se crie um plano de contingência, no caso de postagens inadequadas que gerem impacto negativo, avaliando a necessidade de declarações institucionais e até mesmo “ações disciplinares”;
d) Por fim, acredito que cabe ao conselho indicar orientação e treinamento para os C-levels e em muitos casos assessoria especializada a todos os porta-vozes da empresa.
e) A avaliação do risco de publicações de executivos em redes sociais deveria ser um processo contínuo, sendo incorporada à agenda do conselho com a devida recorrência.
E claro que atuar de forma proativa é sempre melhor do que acionar o comitê de crise para tentar remediar um dano a marca e reputação da empresa.